O PART-TIME

Como é por demais sabido a generalidade dos portugueses recebe salários de miséria.

A maioria daqueles que servem nas Forças Policiais também têm salários do mesmo género.

Logo, muitos desses agentes procuram arranjar uma segunda ocupação no chamado marcado paralelo de emprego.

"Fogareiro, portas, garçon e jazzbandista", são dos empregos mais procurados.

Se para o desempenho dos dois primeiros é necessário uma licença e há algum controlo policial, para os últimos só é necessário algum jeito dos trabalhadores e boa vontade dos empregadores.

Ciclicamente surgem algumas notícias que dão conta de que alguns "portas" envolvidos em manobras menos claras são elementos policiais.

Só que, salvo honrosas excepções, quer os processos internos quer os processos crime raramente dão alguns resultados palpáveis.

Cumplicidades, solidariedades e algumas vezes alguma complacência das chefias leva a este estado de coisas.

Que não deixa de ser preocupante para um observador mais atento do mundo da noite, especialmente em Lisboa e no Porto e seus arredores.

Mas o que é mais grave é que o crime parece compensar.

Tive conhecimento que um destes dias, um agente policial foi punido com uma pena de multa de cerca de 1500 euros por ter cometido diversos crimes enquanto trabalhava como segurança numa casa de prostituição. Quase o mesmo valor de quem circular numa auto estrada a 200 à hora e for apanhado!